quinta-feira, 8 de outubro de 2009

PAULO FREIRE

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessário à pratica educativa. São Paulo: Paz e terra, 1996.

Eliane Tavares Moraes*
Paulo Freire: O educador dos séculos.

Paulo Reglus Neves Freire, educador pernambucano, nasceu em 19 de setembro de 1921 na cidade de Recife. Foi alfabetizado pela mãe, que o ensinou a escrever com pequenos galhos de árvores no quintal da casa da família.
Na adolescência Freire começou a desenvolver um grande interesse pela língua portuguesa. Com 22 anos de idade, ele começou a estudar Direito na Faculdade de Direito do Recife. Enquanto cursava a faculdade de direito, casou-se com a professora primária Elza Maia Costa Oliveira. Com sua esposa, teve cinco filhos, e começou a lecionar no colégio Oswaldo Cruz em Recife.
No ano de 1947 foi contratado para dirigir o departamento de educação e cultura do Sesi, onde entra em contato com a alfabetização de adultos. Em 1958 participou de um congresso educacional na cidade do Rio de Janeiro.
No começo de 1964, foi convidado pelo presidente João Goulart para coordenar o Programa Nacional de Alfabetização.
Pode-se dizer que Paulo Freire, foi quase tudo o que se pode ser como educador, de professor de escola a criador de idéias e métodos.
Exilado pela ditadura militar, sua vida e seus escritos falam ao povo a linguagem da inclusão social e sinalizam aos governantes o caminho da justiça e do respeito aos direitos essenciais de cada um e de todos.
Durante a prefeitura de Luiza Erundina, em São Paulo, exerceu o cargo de secretário municipal da Educação.
Depois deste cargo, começou a assessorar projetos culturais na América latina e África. Paulo Freire morreu na cidade de São Paulo, de infarto, em 2 de maio de 1997.

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* Acadêmica do curso de Pedagogia, cursando o 6º semestre, pela Universidade do Estado do Amapá-ueap/elianetavares23@gmail.com

Entre as suas obras podemos encontrar: Pedagogia da Autonomia; Pedagogia do Oprimido; Educação e Mudança; A Educação na Cidade; Pedagogia da Indignação; Cartas a Cristina e etc.
Pedagogia da Autonomia foi a última obra de Paulo Freire, publicada em vida. É um livro de poucas paginas, mas de uma densidade de idéias pouco vista em qualquer outra de suas obras. Onde Freire vem apresentar o propostas de práticas pedagógicas necessária a educação, como forma de construir a autonomia dos educandos, valorizando e respeitando sua cultura e seu acervo de conhecimentos empíricos junto a sua individualidade.
Pedagogia da Autonomia não é um livro entre tantos da extensa obra de Paulo Freire. É o livro que sintetiza a sua pedagogia do oprimido e o engrandece como gente, em busca da autonomia e da libertação.
Nesta obra, o autor vem abordar algumas das questões fundamentais para a formação dos educadores/as de forma objetiva. Também sugere práticas e envolve saberes, como possibilidade de educadores e educandos estabelecerem novas relações e condições de educabilidade.
Em outras palavras podemos dizer que este livro tem como eixo central a questão da formação docente ao lado da reflexão sobre a prática educativo-progressista em favor da autonomia do ser dos educandos.
O autor dividiu o livro em três capítulos: ’’Não há docência sem discência’’, “Ensinar não e transferir conhecimentos” e “Ensina é uma especificidade humana”.
“Não há docência sem discência”, é o primeiro capitulo do livro. Freire expõe saberes que lhe parece indispensáveis à pratica docente de educadoras ou educadores críticos, progressistas. Sendo que alguns destes saberes são de certa forma também necessários a educadores conservadores. Onde de acordo com o autor são saberes demandados pela prática educativa em si mesma, qualquer que seja a opção política do educador ou educadora.
Para Freire estes saberes são fundamentais a prática educativo-crítico ou progressista, e que neste sentido devem ser conteúdos obrigatórios à organização programática da formação docente. É muito importante que o formando, desde o princípio de sua experiência formadora, assuma-se como sujeito também da produção do saber.
Segundo o autor, “não há docência sem discência”, justamente por que as duas se explicam e seus jeitos apesar das diferencias que os conotam, não se reduzem à condição de objeto, um do outro. Pode-se dizer então que quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender.
Neste capitulo do livro do autor aborda os seguintes saberes: Ensinar exige rigorosidade metódica; Ensinar exige pesquisa; Ensinar exige respeito aos saberes dos educandos; Ensinar exige criticidade; Ensinar exige estética e ética; Ensinar exige a corporeificação das palavras pelo exemplo; Ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de descriminação; Ensinar exige reflexão crítica sobre a prática e Ensinar exige o reconhecimento e a assunção da identidade cultural.
Com estes saberes, Freire nos chama a atenção para qual o nosso dever como educador democrático, que não pode se negar ao dever de, na sua prática docente, reforçar a capacidade critica do educando, sua curiosidade, sua insubmissão. Onde se faz necessário à presença de educadores e educandos criadores, instigadores, inquietos, rigorosamente curiosos, humildes e persistentes.
Portanto, podemos perceber a importância do papel do educador, onde sua tarefa não é apenas ensinar os conteúdos, mas também ensinar a pensar certo. Pensar certo deve colocar o professor ou de maneira mas ampla, a escola, o dever de respeitar os saberes com que o educando chega a ela, e também utilizá-los no ensino dos conteúdos.
Para Freire o que há de fundamentalmente humano no exercício educativo é o seu caráter formador. Pois se se respeita a natureza do ser humano, o ensino dos conteúdos não pode dar-se alheio à formação moral do educando.
Na prática educativa, o pensar deve andar de mãos dadas com o fazer, onde nossas ações devem ser de acordo com o pensar e falar. Para o autor devemos estar sempre abertos as oportunidades, a aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação. E o educador deve desafiar o educando com quem se comunica e levá-lo ao diálogo mais amplo do que esta sendo comunicado. O educando antes de tudo deve assumir-se como ser social e histórico, ser pensante, comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos. E para isso acontecer deve-se valorizar sua identidade cultural.
Diante do que foi exposto até agora, torna fundamental que, na prática da formação docente, o aprendiz de educador assuma que o indispensável pensar certo tem que ser produzido, pelo próprio aprendiz em comunhão com o professor formador. Na formação permanente dos professores, o momento crucial é o da reflexão critica sobre a prática, onde é pensando criticamente a prática de hoje ou a anterior que se pode melhorar a próxima prática.
No capítulo seguinte, “Ensinar não é transferir conhecimento”. O autor aponta este, como um saber necessário à formação docente, diante de uma perspectiva progressista. Onde “saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou sua construção”.
Diante disso, o educador quando entrar em uma sala de aula deve estar sendo uma pessoa aberta a indagações, à curiosidade, às perguntas dos alunos, as suas inibições. Deve ser um ser critico e inquiridor, inquieto em relação à tarefa quem tem, que é ensinar e não transferir conhecimento.
Este saber precisa ser apreendido pelo educador e também pelos educandos nas suas razões de ser, ontológica, política, ética, epistemológica, pedagógica, precisando ser constantemente testemunhado, vivido.
Neste sentido o professor num curso de formação docente não pode esgotar sua prática discursando sobre a teoria da não extensão do conhecimento. Pois o discurso sobre a teoria deve ser o exemplo concreto, prático da teoria.
Exercer este saber não é fácil requer uma postura exigente, difícil, às vezes penosa, que temos de assumir diante dos outros e com os outros, em face do mundo e dos fatos, ante nós mesmos.
Neste capitulo Freire expõe os saberes seguintes: Ensinar exige consciência do inacabamento; Ensinar exige reconhecimento de ser condicionado; Ensinar exige respeito à autonomia do ser do educando; Ensinar exige bom senso; Ensinar exige humildade, tolerância e luta em defesa dos direitos dos educadores; Ensinar exige apreensão da realidade; Ensinar exige alegria e esperança; Ensinar exige a convicção de que a mudança e possível e Ensinar exige curiosidade.
Em relação a estes saberes o autor nos leva a refletir sobre a posição do educador critico, que deve buscar ser um “aventureiro”, responsável, predisposto à mudança, a aceitação do diferente. Sem esquecer o seu valor cultural, histórico, inacabado e consciente do inacabamento. Sendo que só homens e mulheres se sabem como inacabados, tem a consciência deste inacabamento e, portanto, vivem em constante busca. Histórico-social-cultural, mulheres e homens se tornam seres em que a curiosidade, ultrapassando os limites que lhe são peculiares no domínio vital, se torna fundante a produção do conhecimento.
Podemos então dizer que a curiosidade é conhecimento. Portanto quando o ser humano se sabe inacabado e em constante busca, é nesta sua inconclusão que se funda a educação como processo permanente. Pois por se saberem inacabados buscaram se educar.
Outro saber fundamental é dar o devido respeito à autonomia dos educandos, seja eles crianças, jovens ou adultos. Este respeito pode ser relacionado ao respeito que o educador tem por si mesmo.
Não podemos esquecer do bom senso, que deve ajudar o educador na avaliação que este vem fazer de sua prática.
O educador deve saber que é necessário respeitar à autonomia, à dignidade e à identidade do educando e, na prática, procurar a coerência com este saber, e isto o leva à criação de algumas virtudes e qualidades sem as quais o saber se torna inválido. Pois se o discurso de um professor é democrático suas ações não podem ser de arrogância e autoritarismo.
Para Freire é o bom senso que deve levar o educador a suspeitar, de que não é possível à escola, se, na verdade, engajada na formação de educandos, educadores, olhar-se das condições sociais culturais, econômicas de seus alunos, de suas famílias, de seus vizinhos. Faz-se necessário então, respeitar o educando e os conhecimentos com que este chega à escola.
E para que educadores e educandos desenvolvam a prática educativa, é importante que aja um ambiente adequado e com condições favoráveis.
Para o autor, a prática educativa deve envolver alegria e esperança. A alegria no ato de educar e a esperança de que professor e aluno juntos podem aprender, ensinar, inquietar-se, produzir e juntos resistir aos obstáculos, mantendo a alegria. Sendo que ambos estão no mundo, não são apenas objetos da história, mas seus sujeitos igualmente. Sujeitos que intervêm para mudar. Pois mudar é difícil, mas é possível, e é através dessa mudança que o educador deve programar sua ação político-pedagógica.
Diante do processo educativo é fundamental que professor e alunos saibam que a postura deles é dialógica, aberta, curiosa, indagadora e não apassivada, enquanto fala ou enquanto ouve. Onde tanto o professor quanto o aluno devem se assumir epistemologicamente curiosos. Seria importante que os professores e alunos buscassem conviver com estes e os outros saberes que o autor ainda abordará.
O terceiro e último capítulo do livro Pedagogia da Autonomia é: “Ensinar é uma especificidade humana”.
Neste capitulo o autor vem falar que, uma das qualidades essenciais que a autoridade docente democrática deve revelar em suas relações com as liberdades dos alunos é a segurança em si mesma. Pois é a segurança que se expressa na firmeza com que atua, com que decide, com que respeita as liberdades, com que discute suas próprias posições, com que aceita rever-se. Diante disso o educador deve analisar como está exercendo sua autoridade, pois esta autoridade não deve ser exercida através de autoritarismo e sim com sabedoria.
Neste último capítulo o autor expõe os saberes a seguir: Ensinar exige segurança, competência profissional e generosidade; Ensinar exige comprometimento; Ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo; Ensinar exige liberdade e autoridade; Ensinar exige tomada consciente de decisões; Ensinar exige saber escutar; Ensinar exige reconhecer que a educação é ideológica; Ensinar exige disponibilidade para o diálogo e Ensinar exige querer bem aos educandos.
Diante desses saberes Freire se atenta para a segurança. A segurança com que a autoridade docente se move,implica uma outra, a que se funda na sua competência profissional. Onde segurança e competência profissional devem estar sempre relacionadas. Pode-se dizer, que o professor que não leve a sério sua formação, que não busque novos conhecimentos, não tem força moral para coordenar as atividades de sua classe. Neste sentido, a incompetência profissional desqualifica a autoridade do professor.
Freire menciona também que, a generosidade é uma qualidade indispensável, na relação educador e educando. Onde o clima de respeito que nasce de relações justas, sérias, humildes, generosas, em que a autoridade docente e as liberdades dos alunos se assumem eticamente,autentica o caráter formador do espaço pedagógico.
Pode-se dizer, que no fundo, o essencial nas relações entre educador e educando, entre autoridade e liberdades, entre pais, mães, filhos e filhas é a reinvenção do ser humano no aprendizado de sua autonomia. E a autonomia deve ser construída, respeitando a autonomia dos outros.
Segundo Freire, na prática educativa não se pode desunir o ensino dos conteúdos da formação ética dos educandos, nem separar a prática da teoria. Ambas possuem uma relação.
De acordo com Freire o educador, não pode exercer a atividade do magistério como se nada ocorresse com ele. Pois não se pode ser professor, sem se por diante dos alunos, sem revelar com facilidade ou relutância, sua maneira de ser, de pensar politicamente. Sendo que a maneira com que os alunos o percebem, tem grande importância para o seu desempenho e seus cuidados enquanto professor. Onde, se a sua opção é democrática, progressista, não se pode ter uma prática reacionária, autoritária, elitista.
No que se refere ao espaço pedagógico, Freire diz, que este espaço é um texto para ser constantemente “lido”, interpretado, “escrito” e “reescrito”. Portanto, quanto mais solidariedade existir entre educador e educandos, no “trato” deste espaço, mais possibilidades de aprendizagem democrática se abrem na escola.
Para Freire nunca o professor progressista precisou tanto está advertido como hoje, em relação a esperteza com que a ideologia dominante insinua a neutralidade da educação.
Diante deste ponto de vista que é reacionário, o espaço pedagógico, neutro por excelência, é aquele em que se treinam os alunos, para práticas apolíticas, como se a maneira humana de estar no mundo fosse ou pudesse ser uma maneira neutra.
A educação como experiência especificamente humana, é também uma forma de intervenção no mundo. Intervenção que além do conhecimento dos conteúdos bem ou mal ensinados e/ou aprendidos implica tanto o esforço de reprodução da ideologia dominante quanto o seu desmascaramento. Segundo autor, dialética ou contraditória, não poderia ser a educação só uma ou só a outra dessas coisas. Nem apenas reprodutora nem apenas desmascaradora da ideologia dominante.
Ser professor é estar comprometido com a prática educativa, implica estar a favor da luta constante contra qualquer forma de descriminação contra a dominação econômica dos indivíduos ou das classes sociais.
De acordo com o autor a questão central que ele analisa nesta parte do texto é: a educação, sendo uma especificidade humana, como um ato de intervenção no mundo. Aja vista que, quando se fala em educação como intervenção, o autor se refere à que aspira a mudanças radicais na sociedade, no campo da economia, das relações humanas, da propriedade, do direito ao trabalho, a terra, a educação, a saúde, quanto a que, pelo contrário, reacionariamente pretende imobilizar a História e manter a ordem injusta.
Na visão do autor, é na diretividade da educação, esta vocação que ela tem, como ação especificamente humana, de endereçar-se até sonhos, idéias, utopias e objetivos, que se acha o que o autor vem chamando politicamente da educação. A raiz mais profunda da politicidade da educação se acha na educabilidade mesma do ser humano, que se funda na sua natureza inacabada e da qual se tornou consciente.
Freire evidencia que é importante e necessário, o professor saber escutar os seus alunos. Sendo que não é falando aos outros, de cima para baixo, como se os professores fossem os portadores da verdade a ser transmitida, mas é escutando que o educador aprende a falar com os alunos. E escutar aqui, implica a disponibilidade permanente por parte do sujeito que escuta para a abertura à fala do outro, ao gesto do outro, às diferenças do outro.
O autor Paulo Freire também menciona neste capitulo, o fato do querer bem aos educandos e a própria prática educativa na qual o professor participa. É fundamental no processo educativo que, professores e alunos sejam respeitados e sejam tratados com dignidade e decência, pela administração privada ou pública da educação.
Em cada capitulo Paulo Freire chega a suas diversas conclusões. Sendo que ele nestes capítulos sugere práticas, aponta possibilidades, caminhos no que se refere à prática educativa. Freire vem defender que formar é muito mais que formar o ser humano em suas destrezas, atentando para a necessidade de formação ética dos educadores, os conscientizando sobre a importância de estimular os educandos a uma reflexão crítica da realidade em que estes estão inseridos. E para o autor a prática educativa tem que está vinculada ao ser humano, homem e mulher. Pois antes de qualquer coisa, se lida com pessoas, com gente. Daí, a educação ser uma especificidade humana.
A obra de Paulo Freire, têm uma grande dimensão educativa, pois leva o educador a analisar a sua prática atual e buscar novos saberes que venham complementar a sua prática docente.
Pedagogia da autonomia é um livro destinado não só a área da educação, mas também a diversas outras áreas, pois fala do ser humano, de sua liberdade, generosidade, compromisso, respeito, autonomia e isso não é valido só para a educação. Mas para que as pessoas que lerem o livro façam uma auto-avaliação de si, de sua relação com o outro. Sendo que a leitura nos faz refletir também sobre as desigualdades que há em nossa sociedade, entre favorecidos e desfavorecidos.
Paulo Freire faz um apanhado geral da questão educacional, da formação que devemos dar aos educandos, levando em consideração, o contexto em que o educando se situa.
Esta obra é de grande importância, para nós futuros professores, no sentido de apontar possibilidades de ensinar e aprender a profissão docente.
Acredito que a obra de Freire tem um estilo um pouco redundante e repetitiva. Esta repetitividade deve ser para levar a pessoa que está lendo, a uma melhor compreensão do contexto em questão. Possui qualidade científica e literária.
Compreendi que a todo o momento, o autor busca nos abrir os olhos para a mudança que deve haver em nossa sociedade. Sendo que vivemos em uma sociedade envolvida por muitas desigualdades sociais.
A partir da leitura, percebi que o autor a todo momento analisa a questão do ser humano, como um ser inacabado, em busca de algo, de educação.
Paulo Freire foi e sempre vai ser uma grande referencia, para nós educadores e futuros educadores, pois nos deixou possibilidades para mudar o rumo da educação. E para que isso ocorra devemos construir coletivamente os espaços efetivos de inovação.

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